* Por Alejandro Rubino
A segurança nas fronteiras é uma preocupação primordial para qualquer nação, mas a região da América Latina e Caribe enfrenta desafios singulares neste aspecto. Com uma vasta extensão territorial e costeira, geografia acidentada com cordilheiras e a maior floresta tropical do mundo, nossas zonas fronteiriças são altamente propícias a eventos naturais como terremotos, maremotos e incêndios florestais e estas características exigem o reforço da segurança por ameaças como o contrabando, o narcotráfico e o desmatamento ilegal.
Nesse contexto, a integração de tecnologias tem um papel crucial na criação de estratégias eficazes a fim de proteger comunidades e criar um verdadeiro ecossistema capaz de otimizar as ações dos agentes de emergências e defesa.
Um dos desafios mais importantes na segurança das fronteiras é a boa comunicação entre as forças de segurança pública e emergências – já que qualquer ruído no conteúdo ou na integridade das mensagens (sobre o que é comunicado) pode levar a falhas graves na detecção e resposta às atividades criminosas ou no socorro às vítimas. Nesse sentido, é válido analisar uma combinação de tecnologias que permitam a comunicação clara, íntegra e em tempo real de forma segura entre os agentes, bem como contar com a potência de alcance dos rádios de alta frequência (HF) e frequência muito alta (VHF).
A proteção das fronteiras deve ser constante e efetiva a fim de detectar atividades suspeitas e prevenir ameaças. Hoje podemos contar com infinidade de tecnologias de vídeo, centrais de comando e controle com IA, sistemas de alertas, sensores de movimento, softwares de IA embarcados em câmeras, drones etc. Tudo isso para que não seja mais necessário alocar agentes que fiquem exclusivamente com os olhos nas telas 24/7/365 e liberar esses profissionais para uma atuação mais estratégica. Até porque, a capacidade humana tem limites, e quando falamos em segurança, qualquer detalhe que não seja identificado, pode se tornar um grande risco.
As câmeras de longo alcance também são importantes aliadas das autoridades nas fronteiras, equipadas com recursos de detecção precisos, capazes de identificar anomalias a uma distância de até 30 km, ampliando o perímetro de segurança e apoiando a agilidade e precisão nas respostas. Estes dispositivos também são térmicos, desenvolvidos para levar visibilidade nítida em ambientes complexos e extremos, principalmente infraestruturas militares, de aviação, marítimas e críticas.
A consciência situacional visa ampliar as chances de sucesso das operações e, por isso, é importante que haja visibilidade e tudo seja centralizado e controlado por meio de um centro de comando equipado com software e recursos de análises que levem as equipes a obterem a informação necessária para a tomada de decisões. Essas iniciativas permitem que as forças de segurança protejam zonas remotas e de difícil acesso, como áreas rurais, fluviais e de florestas, comumente utilizadas como rotas de fuga.
Esse é um componente crítico da segurança das fronteiras, principalmente em pontos de entrada como portos e aeroportos. As tecnologias de Identificação por Radiofrequência (RFID) para câmeras corporais e de detecção de armas escondidas têm um papel importante no rastreamento em tempo real de bens, veículos e até mesmo indivíduos. Essa ferramenta ajuda a agilizar os processos de inspeção, identificação e autenticação com muito mais precisão, enquanto mantém um alto nível de segurança.
A análise de dados é outro recurso fundamental. Pois, com a informação correta e precisa, é mais fácil maximizar a inteligência das agências. Os recursos avançados de análise de dados permitem que as autoridades identifiquem padrões, tendências e comportamentos incomuns que poderiam indicar ações criminosas. A análise preditiva também pode ser usada para antecipar possíveis ameaças, permitindo uma ação preditiva.
Em ocorrências de alta gravidade, como desastres naturais ou incidentes de segurança em regiões fronteiriças, a capacidade de resposta rápida é crucial. Recursos de alertas e notificações em tempo real, que possam ser compartilhados entre diversos dispositivos e entre autoridades de diferentes agências, permitem uma comunicação rápida e eficaz. Isso ajuda a coordenar com maior eficiência as operações e a distribuir recursos e agentes de forma estratégica, minimizando danos.
A evolução da proteção nas fronteiras é um desafio complexo e em constante evolução, que exige a colaboração entre múltiplos órgãos de segurança pública e emergência. As tecnologias têm muito a contribuir para estes desafios e contribuir para que as nossas nações possam estar mais seguras.
(*) Alejandro Rubino é gerente sênior de Desenvolvimento de Negócios da Motorola Solutions para a América Latina