A Samsung Electronics e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentaram o mais recente grupo de agentes de mudança a se juntar ao Generation17, uma iniciativa global que apoia jovens líderes na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Representando o Brasil e a América Latina, Renata Koch Alvarenga é uma voz poderosa para o movimento. Como fundadora da EmpoderaClima, uma organização voltada para os jovens e que promove a justiça climática, abordando os efeitos das mudanças climáticas sobre as mulheres e capacitando as meninas para adotarem ações em prol do planeta, ela está redefinindo o que é uma liderança climática justa em termos de gênero em toda a região.
Numa entrevista exclusiva para a Samsung Newsroom, Helvio Kanamaru, Diretor de ESG e Cidadania Corporativa da Samsung América Latina, pergunta a Renata sobre a visão, o trabalho e as esperanças dela para o futuro como Jovem Líder do Generation17.

Helvio Kanamaru: Você pode nos contar mais sobre a EmpoderaClima? Qual é a sua visão e hoje quais são os principais motivadores da organização?
Renata Koch Alvarenga: Fundei a EmpoderaClima aos 22 anos, pois percebi que as jovens do Hemisfério Sul, inclusive da América Latina, estavam vivendo — e liderando — na linha de frente da crise climática, mas suas perspectivas muitas vezes não eram levadas em consideração. Desde o início, minha visão tem sido a de normatizar a ação climática justa em termos de gênero e, ao mesmo tempo, acabar com a disparidade de gênero nos espaços de tomada de decisões sobre o clima.
Hoje, esse trabalho se concentra em duas áreas interligadas. Primeiramente, a educação, por meio de iniciativas pioneiras como a EmpoderaClima nas Escolas, que leva oficinas sobre gênero e justiça climática para as salas de aula do ensino médio em todo o Brasil. Inclui também a produção de conhecimento por meio de nosso banco de dados multilíngue (disponível em português, espanhol, inglês e francês), que reúne centenas de artigos, podcasts e vídeos sobre educação de meninas para o clima, ecofeminismo e políticas climáticas de gênero. Essa plataforma também publica relatórios originais que informam diretamente os diálogos sobre políticas em nível nacional e global. Em segundo lugar, a defesa e a liderança – por meio do nosso programa Empoderando pelo Clima– que oferece financiamento inicial, orientação e treinamento para jovens mulheres em situação de vulnerabilidade em todo o Brasil.
A EmpoderaClima está presente nas principais conferências e fóruns de alto nível, incluindo as Conferências do Clima da ONU (COPs), o Fórum Econômico Mundial, a Semana do Clima de Harvard e a Comissão da ONU sobre o Status da Mulher — e não apenas presente, mas moldando ativamente o diálogo, organizando painéis, discursando e colaborando em eventos paralelos.
Esse trabalho é realizado por uma equipe com mais de 50 voluntários em toda a América Latina. Até o momento, conseguimos atingir mais de 15 mil jovens por meio de eventos de alto nível, oficinas em escolas, seminários virtuais e Lives no Instagram, sempre operando num modelo “por jovens, para jovens” e sempre motivados pela crença de que os mais afetados devem liderar as soluções, especialmente mulheres jovens de países em desenvolvimento.
Helvio Kanamaru: Você tem sido uma voz ativa em espaços globais como a COP e a ONU. Na sua opinião, como os jovens da América Latina, está influenciando o debate global sobre sustentabilidade?
Renata Koch Alvarenga: A Geração Z tem acesso sem precedentes a dados, estudos e plataformas digitais, e está usando todas as ferramentas à sua disposição para agir. Os jovens estão liderando os debates que vão além do ativismo de base e chegam às políticas de alto nível. Nunca houve uma geração tão informada ou tão pronta para agir. Como disse António Guterres, somos a última geração que pode evitar danos irreversíveis ao planeta devido às mudanças climáticas, portanto, os desafios para o futuro próximo não poderiam ser maiores.
Na América Latina e no Caribe, onde a desigualdade social, a violência de gênero e os riscos ambientais estão interligados (e onde se regista a segunda maior propensão para desastres no mundo), tomamos esse alerta como um chamado à ação, porque não há outra escolha. Os jovens daqui não estão apenas exigindo objetivos de desenvolvimento sustentável mais ousados e ambiciosos, mas também redefinindo o que é resiliência coletiva. Organizações lideradas por jovens estão agora visando os ODSs e definindo as soluções que devem ser implantadas com criatividade e coragem. É esse inédito acesso ao conhecimento e nossa recusa em esperar pela permissão — porque raramente ela nos é concedida — que está redefinindo a agenda global de sustentabilidade.
Helvio Kanamaru: O que te inspirou a participar do Generation17 e quais são suas expectativas para esse novo capítulo de sua jornada como defensora da justiça climática e de gênero?
Renata Koch Alvarenga: Quando ouvi falar pela primeira vez do Generation17, uma parceria pioneira entre a Samsung e o PNUD para impulsionar o desenvolvimento sustentável liderado por jovens, senti que ela estava totalmente alinhada ao meu trabalho e aos meus objetivos de defesa dos jovens. A Samsung traz tecnologia de ponta e plataformas de narrativa para esse espaço, que é tão urgente e essencial. O PNUD oferece redes extensas sobre políticas e desenvolvimento globais, criando oportunidades de engajamento que são cruciais para conectar os esforços locais às arenas globais.
Fazer parte desse grupo é um sonho tornado realidade, principalmente ao ver as vozes da juventude latino-americana ecoando nos maiores palcos do mundo. Estou muito orgulhosa de poder representar o Brasil, já que a COP30 será realizada no meu país em novembro de 2025 — uma oportunidade especial para mostrarmos ao mundo como nossa região lidera as ações climáticas com coragem, inovação e ousadia.
Além da honra, vejo o Generation17 como uma plataforma voltada para a ação. Estou bastante animada com a mentoria, o acesso à tecnologia e as conexões com os tomadores de decisão, o que ajudará a ampliar meu trabalho em campo, que vai desde oficinas em escolas até conferências globais e campanhas digitais em prol da justiça climática e de gênero.
Helvio Kanamaru: O trabalho da EmpoderaClima na educação climática é especialmente impactante. De que forma a educação ambiental e digital ajuda a capacitar os jovens para liderar mudanças sustentáveis?
Renata Koch Alvarenga: A educação ambiental estabelece a base para que os jovens conectem suas experiências cotidianas ao debate global mais amplo sobre ação climática. Já a educação digital lhes dá a capacidade de transformar conhecimento em ação, oferecendo-lhes ferramentas virtuais para acessar discussões importantes e espaços de tomada de decisão.
A educação climática aliada ao acesso digital está na base do meu trabalho. Na EmpoderaClima, acreditamos que o conhecimento promove a capacitação, permitindo que os jovens, especialmente das comunidades mais vulneráveis, se tornem agentes de mudança em seus próprios contextos.
A plataforma on-line multilíngue da EmpoderaClima (disponível em português, espanhol, inglês e francês) oferece centenas de recursos cuidadosamente selecionados e relatórios de pesquisa originais — desde estudos de caso de agroecologia a mapas de risco de desastres sensíveis ao gênero — permitindo que jovens de outros países explorem questões complexas em seus próprios idiomas. Mais do que isso, eles podem aprender com a perspectiva dos jovens de uma forma “tropicalizada” e específica para o contexto. Afinal, o acesso não se trata apenas de idioma e tradução, mas de conhecer as pessoas onde quer que elas estejam e mostrar como as questões globais afetam suas vidas cotidianas.
Também levamos essa missão para o mundo off-line, alcançando os jovens onde eles estão e levando nossos programas para escolas públicas em todo o Brasil. Adaptamos nosso conteúdo para estar em sintonia com os adolescentes de áreas vulneráveis ao clima, com o objetivo de estimular suas mentes e corações. Mais de 100 alunos já participaram do EmpoderaClima nas Escolas em três regiões do Brasil. Em nosso outro programa, o Empoderando pelo Clima, centenas de jovens mulheres de todo o país se inscreveram para participar. Quinze participantes, representantes de comunidades rurais, indígenas e marginalizadas, foram selecionadas para receber bolsas de estudo e treinamento para desenvolver seus projetos e ampliar seu impacto localmente.
Ao envolver os jovens por meio dos canais digitais que eles já utilizam e das salas de aula que frequentam e ao criar conteúdo “pelos jovens, para os jovens”, não estamos apenas aumentando a conscientização, mas também formando uma geração de agentes de mudança que sabem como pesquisar, organizar e liderar desde o nível local até o global.
Helvio Kanamaru: Como ativista de longa data e agora integrante do Generation17, como você usa as ferramentas digitais para educar, mobilizar e se conectar com as comunidades em relação à justiça climática e à igualdade de gênero?
Renata Koch Alvarenga: As ferramentas digitais são uma das principais maneiras pelas quais minha equipe e eu interagimos com jovens da América Latina e de outros países para promover soluções climáticas justas em termos de gênero. Organizamos Lives no Instagram e webinars com a participação de especialistas globais e jovens líderes feministas para ajudar o público jovem a entender melhor as principais questões, como a liderança das mulheres na Amazônia e a importância de soluções sensíveis ao gênero para os sistemas alimentares. Também realizamos oficinas on-line de mentoria e capacitação para jovens mulheres líderes de todo o Brasil, promovendo o treinamento entre pares, o que amplia o impacto de seus projetos dentro de suas comunidades.
Por meio do site EmpoderaClima, compartilhamos conteúdo de alta qualidade na interseção de gênero e justiça climática por meio de um banco de dados multilíngue que inclui vídeos, podcasts e artigos de pesquisa. Nossos artigos originais contribuem para dar forma às conversas digitais sobre tópicos como ecofeminismo, agroecologia e redução do risco de desastres com transversalidade de gênero, e estão sendo disseminados por canais da ONU e por renomadas plataformas de pesquisa.
Como parte do Generation17, estou animada para expandir esses esforços digitais e alcançar ainda mais pessoas, especialmente jovens mulheres no Brasil e na América Latina. Estou ansiosa para trabalhar com a equipe da Samsung e desenvolver ferramentas móveis mais interativas, melhorar o acesso a esses tópicos e aproveitar as redes de políticas do PNUD, a fim de garantir que as soluções criadas pelas comunidades influenciem as estratégias climáticas nacionais e globais.
Com tempo limitado para enfrentar os maiores desafios do mundo, precisamos aproveitar totalmente o espaço digital e suas poderosas ferramentas para promover ações ousadas e inclusivas.
Helvio Kanamaru: Olhando para 2030, que mensagem você gostaria de deixar para os jovens de todo o mundo — especialmente para as meninas na América Latina — sobre o papel que elas podem desempenhar na construção de um futuro mais sustentável e justo?
Renata Koch Alvarenga: Faltam apenas cinco anos para 2030, o prazo final para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os cientistas do clima já alertaram que estamos nos aproximando de pontos críticos de ruptura, como o colapso irreversível da camada de gelo e a extinção da Amazônia. Essa urgência não tem o objetivo de nos desanimar, mas de estimular ações e nossa ambição coletiva.
A todas as jovens mulheres e meninas da América Latina, quero dizer: sua voz é importante. A experiência de vida de vocês em regiões atingidas pela seca ou em cidades propensas a inundações lhes permite ter uma visão crítica sobre como deve ser a verdadeira adaptação e resiliência climática. Organizem suas comunidades. Concorram a conselhos de jovens. Lancem campanhas digitais exigindo políticas sensíveis ao gênero e ações climáticas. Saibam que suas soluções locais merecem um lugar nos palcos globais, como as Conferências do Clima da ONU.
Seu lugar está em todos os espaços de tomada de decisão. Os líderes globais precisam conhecer suas experiências e soluções inovadoras impulsionadas por jovens. O protagonismo jovem e feminino não é apenas válido, mas urgente. Ele pode fazer a diferença entre um mundo que mergulha em uma crise e um que caminha para a resiliência.
Helvio Kanamaru: Quais são as suas expectativas em relação à criação de um impacto positivo para um mundo mais sustentável por meio da sua colaboração com a Samsung e o PNUD?
Renata Koch Alvarenga: O que mais me entusiasma nessa parceria é a oportunidade de combinar tecnologia de ponta com a liderança de jovens em apoio aos ODS. Juntamente com a Samsung e o PNUD, há um enorme potencial para aumentar a conscientização sobre a Agenda 2030, especialmente por meio de ferramentas como o aplicativo Samsung Global Goals, e para desenvolver, em conjunto, recursos digitais que ajudem as pessoas ao redor do mundo a compreenderem melhor os diversos contextos e prioridades globais, conforme compartilhado pelos Jovens Líderes da Geração 17.
Essa colaboração também ajudará a ampliar as principais iniciativas da minha organização, a EmpoderaClima, incluindo nossos programas escolares, as oficinas Women for Climate Resilience (Mulheres pela Resiliência Climática) e nosso banco de dados digital multilíngue sobre justiça de gênero e climática.
Acredito firmemente que, quando as jovens mulheres lideram, tanto a tecnologia quanto a política podem se tornar mais ambiciosas e impactantes. Estou animada para trabalhar com toda a equipe do Generation17 e promover a solidariedade, a colaboração e as parcerias para um futuro mais justo e sustentável.
Mais detalhes sobre o EmpoderaClima
Por meio da EmpoderaClima, uma organização liderada por jovens que capacita jovens mulheres e meninas e aborda os impactos desiguais das mudanças climáticas sobre as mulheres, Renata Koch Alvarenga promove uma liderança climática justa em termos de gênero. Como nova integrante do Generation17 — programa apoiado pela Samsung e pelo PNUD —, ela se junta a uma rede cada vez maior de agentes de mudança comprometidos com o avanço dos ODS e com a garantia de que as vozes da juventude latino-americana construam um futuro mais inclusivo e sustentável. Para saber mais sobre o programa, acesse: Link.