No mês em que comemoramos o Dia da Terra, VisualGPS, a plataforma de pesquisa da Getty Images analisou atitudes e expectativas dos consumidores em relação ao papel das marcas em meio a conversas ambientais. O Brasil, com uma das maiores florestas do mundo, registra que três em cada cinco pessoas temem o cenário dos próximos anos diante das últimas mudanças climáticas.
No país, recentes compromissos assumidos pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo presidente da França, Emmanuel Macron, de levantar um fundo de investimento nos próximos quatro anos para proteger a floresta amazônica foram divulgados e levantou discussões sobre o meio ambiente mais uma vez. Com termos como “marketing verde” e “eco-friendly”, marcas são esperadas pelos consumidores para se posicionar e implementar iniciativas ambientais reais que tenham um impacto positivo e que ajudem os indivíduos a alcançarem seus próprios objetivos de sustentabilidade.
Conhecida como “o pulmão do mundo”, a Floresta Amazônica desempenha um papel fundamental na absorção de dióxido de carbono e na estabilização dos padrões climáticos globais. Entretanto, nos últimos anos, houve um aumento preocupante nas taxas de desmatamento, incêndios catastróficos e secas.
Para entender o cenário brasileiro, segundo a pesquisa, 7 em cada 10 pessoas expressaram preocupação de que o aquecimento global se transforme em um problema maior. Apesar da crescente conscientização sobre a crise climática, a Diretora de Conteúdo Criativo da Getty Images, Renata Simões, comenta que as empresas brasileiras têm a oportunidade de aumentar o impacto de suas iniciativas ambientais, sociais e de governança (ESG), apresentando visualmente seus esforços de conservação sustentável de uma maneira que realmente repercuta entre os consumidores brasileiros. As campanhas publicitárias da Natura, por exemplo, são referências em representatividade da fauna e flora brasileira. Para divulgar a linha Ekos, a empresa de cosméticos fez a campanha ‘Bem vindo a era do E’ com visuais autênticos: uso de cores vibrantes, respeito ao contexto cultural e imagens reais das florestas.
“Observamos que as empresas brasileiras muitas vezes se baseiam no antigo discurso de promover uma iniciativa de ‘green life’ por meio de imagens conceituais de pessoas segurando plantas, simbolizando a preocupação com o futuro do planeta. No entanto, esses conceitos visuais carecem de impacto, especialmente quando há uma questão tão crítica a ser abordada bem no nosso próprio quintal. As empresas brasileiras podem provocar uma resposta mais significativa dos consumidores ao selecionar recursos visuais que reflitam ações reais, inclusive aquelas específicas para abordar a questão do desmatamento na Amazônia”, destacou Renata.
A partir do aumento da conscientização sobre a natureza finita dos recursos naturais, as tendências de pesquisa e download da Getty Images também refletem o interesse das empresas em promover recursos visuais de energia ecologicamente corretos. As pesquisas por termos como “energia solar”, “painel solar”, “energia verde” ou “energia renovável” também aumentaram consideravelmente no ano passado. Entretanto, de acordo com a Simões, esse interesse em alternativas de energia sustentável é representado por marcas e empresas brasileiras de forma limitada.
As representações visuais mais comuns geralmente apresentam jovens envolvidos em práticas ecológicas, negligenciando os adultos mais velhos. Além disso, em vez de mostrar as contribuições cotidianas para o cuidado com o meio ambiente, como a reciclagem de garrafas plásticas ou a transição para uma energia interna ecologicamente correta, as empresas geralmente optam por imagens conceituais abstratas para representar a energia. De acordo com a especialista da Getty Images, ações tangíveis, como o uso prático de uma garrafa reutilizável ou uma lâmpada LED, são conceitos visuais mais atraentes do que imagens abstratas ou vídeos de uma semente em crescimento, por exemplo.
Outras pesquisas indicam que os consumidores brasileiros preferem que as empresas usem embalagens sustentáveis, empreguem práticas de fabricação limpas e instruam as pessoas sobre as melhores práticas para minimizar seu impacto ambiental. Para comunicar com eficácia essas práticas sustentáveis aos brasileiros, a especialista enfatizou que as declarações que defendem a conscientização ambiental se tornarão ineficazes se não forem acompanhadas de uma narrativa visual concreta, um storytelling que pode servir como exemplo para marcas e empresas.