Como o Apple Watch pode ajudar a identificar o Mal de Parkinson

O Apple Watch tem sido amplamente utilizado em pesquisas médicas, desempenhando um papel significativo no monitoramento, geração de dados e identificação de condições médicas. Uma dessas condições é o Mal de Parkinson, que tem sido objeto de estudos envolvendo o smartwatch desde pelo menos 2016.

Recentemente, pesquisadores britânicos, vinculados a instituições como o Instituto de Pesquisa sobre Demência do Reino Unido e a Universidade de Cardiff, conduziram um estudo utilizando dados de smartwatches e revelaram resultados promissores. O estudo demonstrou que é possível identificar sinais iniciais do desenvolvimento da doença degenerativa por meio do acelerômetro dos relógios inteligentes.

O acelerômetro, presente nos smartwatches, possui um valor preditivo que pode ser utilizado para identificar os primeiros sinais do Mal de Parkinson. A ideia é analisar a velocidade dos movimentos das pessoas e buscar padrões que diferenciem esses movimentos dos sinais de outras condições.

De acordo com a BBC, o estudo analisou dados de mais de 103 mil usuários de relógios inteligentes, incluindo o famoso ator Michael J. Fox, cuja história é retratada no filme “STILL: Ainda Sou Michael J. Fox” (“A Michael J. Fox Movie”). Os dados foram coletados entre 2013 e 2016, monitorando o movimento dos participantes durante apenas uma semana. Além disso, foram utilizadas informações do UK Biobank, que possui dados de mais de 500 mil pessoas, para comparação.

Os resultados do estudo mostraram que os dados e sinais detectados em pessoas com Mal de Parkinson, utilizando inteligência artificial, mais especificamente aprendizado de máquina, foram diferentes daqueles relacionados a outras doenças ou à idade. Isso significa que é possível prever o desenvolvimento da doença com até sete anos de antecedência, de acordo com Kathryn Peall, uma das participantes do estudo.

Essa descoberta pode ser especialmente importante, considerando que o diagnóstico do Mal de Parkinson é realizado apenas quando a doença já está em um estágio avançado de progressão. Nesse estágio, já ocorreu um dano significativo aos neurônios, e o tratamento disponível atualmente não é capaz de oferecer uma cura, limitando-se a melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas. No Reino Unido, onde 30% da população utiliza relógios inteligentes, os resultados da pesquisa têm um alto potencial de impacto. Porém, no Brasil, por exemplo, esse impacto pode não ser tão expressivo.

Essa descoberta tem o potencial de impactar diferentes áreas, desde a prática clínica até a pesquisa, possibilitando o desenvolvimento de novas formas de tratamento no futuro. O objetivo principal é utilizar essas descobertas para encontrar maneiras de retardar a progressão da doença nos pacientes, minimizando sintomas como tremores e diminuição dos movimentos, identificando a doença em estágios mais iniciais.

Embora o estudo não tenha mencionado nenhum smartwatch específico, é importante ressaltar que a Apple lançou uma API em 2018, dedicada a facilitar a análise e identificação de doenças relacionadas aos movimentos. Essa API pode ser amplamente utilizada em pesquisas sobre o Mal de Parkinson, como a realizada pela Universidade de Cardiff.

Apesar dos avanços significativos proporcionados por esse estudo, é crucial realizar mais análises dos dados coletados, inclusive comparando-os com dados de outros locais.

O uso do Apple Watch na pesquisa sobre o Mal de Parkinson tem revelado resultados promissores. Através da análise dos dados coletados dos smartwatches, é possível identificar sinais iniciais do desenvolvimento da doença. Essa descoberta tem o potencial de impactar positivamente tanto a prática clínica quanto a pesquisa, abrindo caminho para novas formas de tratamento e diagnóstico precoce. É fundamental continuar a explorar essas possibilidades, realizando análises mais abrangentes e cuidando para evitar possíveis vieses e falhas nos sistemas.

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